domingo, 10 de abril de 2016

Fundador do PSDB: Temer seria um desastre para a economia!



Por Pedro Zambarda de Araújo, no Diário do Centro do Mundo:

Bresser: "Temer seria um desastre para a economia"

Membro fundador do PSDB por 23 anos, o economista Luiz Carlos Bresser-Pereira se desligou do partido em 2011. Numa artigo para a Folha, escreveu que a legenda tinha se distanciado dos princípios da socialdemocracia que uniam seus quadros.
Além da política partidária, Bresser foi presidente do Banco do Estado de São Paulo (1983-85), Banespa, e secretário de governo Franco Montoro (1985-87).
Ficou conhecido como ministro da Fazenda do governo Sarney, em 1987, ao tentar executar o famoso “Plano Bresser” para reduzir a inflação do cruzado, moeda da época.
Professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ele se declara contra o impeachment e acha que um governo Temer dominado pelo PMDB seria um “retrocesso ao neoliberalismo” dos anos de Fernando Henrique Cardoso.
Em sua opinião, está em em curso um “golpe branco”, ou seja, uma manobra política baseada no “ódio de classe” e contra a Constituição nacional.
O DCM entrevistou Bresser-Pereira.

 Como o senhor avalia a atual política econômica?

O atual ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, está adotando a medida possível para tirar o país da recessão após a gestão de Joaquim Levy. Qual é a providência fundamental? Ele passou a estimular fortemente o investimento público. Barbosa está tomando essas medidas não se preocupando com o aumento do superávit primário devido ao aumento do gasto. Ele continua fazendo ajuste fiscal na despesa corrente, mas isso melhora o investimento que beneficia a população.
Normalmente, quando se faz ajuste fiscal, o método mais fácil é cortar investimentos. Isso já aconteceu no Brasil no ano passado.
Em 2016, isso não voltou a acontecer porque o Nelson Barbosa não está permitindo. Pelo contrário, ele está tentando aumentar o investimento público e é corretíssimo fazer isso agora. Faz isso para manter a poupança pública sob controle. Há também um controle do gasto para retomar esse investimento que fortalece a cadeia produtiva.
Se o Banco Central e o governo não deixarem o câmbio se depreciar demais, a economia brasileira deverá sair da crise ainda neste semestre. Daí eles dizem “pô, mas os empresários continuarão a não terem confiança”. Eu acho isso uma grande bobagem, porque eles deveriam ter causas mais objetivas para se queixar.

Como assim?

A Dilma realmente cometeu um erro ao fazer desonerações fiscais para favorecer empresários. Esse foi um grande equívoco dela. Agora ela não está fazendo isso e, pelo contrário, está criando demanda para eles ajudando a população. Com esta situação, a hora é para eles se acomodarem. Se o impeachment não prosperar, eles precisarão deixar de lado essa luta de classes.
Estamos desde 2013, e isso ganhou força clara em 2014, num conflito de classes ao contrário. Ao invés dos trabalhadores estarem brigando para obter vantagens dos capitalistas, são os capitalistas que resolveram ir contra a prosperidade dos trabalhadores.
A crise econômica é só um elemento neste processo de a perda de confiança no governo por seus erros no plano fiscal, que ganhou destaque há dois anos. Outro erro foi segurar os preços do petróleo, que impactou a Petrobras, sem falar na contenção dos custos de energia elétrica que agora aumentaram.
Esses elementos são causas objetivas de perda de confiança, mas a luta entre as classes sociais vai além deste nível de discussão.
Os empresários acharam de alguma forma que eles não deveriam ser mais dirigidos por um partido de centro-esquerda. Aproveitando a crise de ordem moral no mensalão e depois no petrolão, eles perderam confiança no governo e decidiram que iriam recuperá-la de outro modo. Estão tentando fazer através de um impeachment.

O trabalho do ministro Barbosa será visto agora ou vai demorar um tempo?

Isso vai demorar um pouco para apresentar os efeitos mais visíveis na economia brasileira. Evidentemente que já é possível ver a depreciação cambial. O governo não pode deixar agora o real subir muito diante do dólar. Se isso acontecer, vai impactar os lucros das empresas.
Veja só, por que o setor privado rompeu com o governo em 2013? Você pode encontrar mil razões, mas uma pesa mais do que as outras. A taxa de lucro das empresas industriais foi para 14%. Naquele ano, estava em 15%. Essa variação é ridícula!

Por que esse rompimento ocorreu?

Eu costumo brincar que essa situação toda aconteceu porque algumas pessoas querem a apreciação cambial. Para eles, o PT criou o capitalismo sem lucro. Isso o Nelson Barbosa está careca de saber que é uma loucura absoluta. É fundamental para o nosso sistema que as empresas lucrem e continuem reinvestindo. Não é 15% de lucro, mas é de pelo menos 12%. Com a desvalorização do real diante do dólar e investimentos que recuperem o mercado brasileiro, os ganhos empresariais tendem a voltar ao normal. É a estabilização da demanda.
É desta forma que eles vão deixar de romper, vão deixar essa bobagem de confiança e vão voltar a investir. Assim as empresas retornam ao patamar de lucro anterior. A demanda interna e externa vão equilibrar com o câmbio no local correto. Assim ocorre um ajuste de fato.

E se assumir um governo Michel Temer por impeachment ou por golpe branco?

Se o Temer assumir, será um desastre para a nação e acredito que será pior para todos nós. Nada me leva a acreditar que eles têm mais confiança com o empresariado se comparar com a Dilma. Não há nenhuma razão boa para pensar diferente disso na economia. Se é para lutar pela corrupção, acho que a imagem do governo descrita pelo ministro Luís Roberto Barroso, do STF, está muito clara [“Meu Deus, essa é a nossa alternativa de poder?”, disse Barroso numa sessão do Supremo].

Você foi uma das pessoas que fundou o PSDB. A atuação dos tucanos ao apoiar o impeachment colabora para aprofundar a crise?

(Risos) Veja só! O PSDB, em primeiro lugar, virou um partido da direita. De centro-direita, se você não quiser chamá-lo de extrema-direita. Hoje é um partido sem nenhuma ideia de nação. É uma legenda que entende que a integração internacional do Brasil deve ser feita de forma subordinada, de cabeça baixa. Eu defendo a mesma coisa no capitalismo global, mas competitivamente e em alguns setores eu sei que os brasileiros trabalham de uma maneira melhor.
Isso é o que acho que tenho que fazer com nosso país e não acredito nas alternativas. Você até tem uma esquerda que quer fechar o Brasil, mas isso é ridículo do ponto de vista atual. Só que é igualmente ridículo o que o PSDB quer fazer.  E eles querem piorar nossa competitividade com taxas de câmbio apreciadas no longo prazo. Ou seja, o real forte diante do dólar.
Eu defendo um câmbio que zere o déficit em conta corrente, o oposto que os tucanos desejam. A ideia é deixar um pequeno superávit em conta. Só com essa diferença você fica com o câmbio no lugar certo da economia brasileira. O PSDB, da maneira neoliberal, não defende o populismo fiscal, mas sim o de câmbio.

Resumidamente: os tucanos defendem o dólar baixo a todo custo?

Querem, sim, o dólar barato. A única coisa que os tucanos falam com mais propriedade é sobre déficit nas contas públicas. Se eles chegarem a assumir o governo na atual situação, vão querer fazer um ajuste mais grave do que o atual. Levaria a mais desemprego, o que é uma loucura na nossa sociedade conforme ela evoluiu no tempo.

É contraditório, então, apoiar essa oposição que pioraria a crise econômica, certo?

Totalmente. Se a gente quer realmente sair do ajuste econômico com uma saúde financeira melhor, isso não se faz provocando cortes desnecessários. O Brasil precisa ter mais metas, incluindo na taxa de câmbio para deixar o país competitivo. Neste contexto, é bom ter uma meta de superávit de conta corrente de pelo menos 1% do PIB.
As duas iniciativas se completam e nos dão condições de ter competitividade global como é o caso de empresas em outros países. Para mim, nem a esquerda e nem a direita entendem isso ao certo. Os dois lados da nossa política acabam nos levando ao déficit em conta corrente. Fazemos um populismo cambial que acaba com pequenas empresas e deixa as grandes com pouco dinheiro para investir.
Para mim, o dólar deveria valer R$ 3,80. Menos do que isso será uma valorização da moeda brasileira que irá diminuir a atração do nosso mercado no exterior. Viveremos com a economia semiestagnada desde o Plano Real da Era FHC. Muitos acham que é necessariamente boa a ideia da moeda estrangeira estar no mesmo valor da nossa.

Há um boato forte de que, caso Lula assuma o ministério da Casa Civil, Nelson Barbosa entregaria o cargo para Henrique Meirelles. O que acha disso?

Eu não acho que isso vai acontecer. Meirelles não vai para o governo, eu acredito. Sei que Barbosa tem boas relações tanto com o Lula quanto com a Dilma. No entanto, ele revelou independência no exercício do cargo e não fez tudo o que a presidente quis e nem o que o ex-presidente deseja. Ele está realmente disposto a fazer uma manutenção das despesas correntes do governo.
A ideia de ter Henrique Meirelles no lugar dele, com este trabalho em curso, é improvável.  Além do que sai na imprensa, não enxergo nenhum outro indício mais sólido. Tenho conhecimento de que o Lula pensou nesta hipótese antes, especialmente no meio da crise de 2015. No entanto, acredito que este assunto agora está superado.

sábado, 9 de abril de 2016

Lula endurece o discurso e admite: Lei de Meios deveria ter saído

Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula

 O auditório do Anhembi, em São Paulo, estava lotado de estudantes, professores e representantes de movimentos da juventude na noite desta sexta-feira para o "Encontro de Lula com a Educação". Além do ex-presidente, estiveram presentes figuras importantes, como Maria Izabel Noronha, presidente da Apeoesp, Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, e Rui Falcão, presidente nacional do PT. Lula, como sempre, foi recebido com festa, aos gritos de "Não vai ter golpe" e "Lula guerreiro". Na sequência, iniciou um discurso que, ao menos em comparação aos mais recentes, foi mais contundente - críticas à imprensa, lembrança da necessidade de regulamentar os meios de comunicação, ironia para comentar a delação da Andrade Gutierrez e ataques ao golpismo de Michel Temer.

O evento era voltado ao debate sobre a educação no Brasil. Lula começou, então, enaltecendo os avanços obtidos nos últimos 13 anos, por meio de iniciativas como o ProUni, o FIES, o Pronatec, o Ciência Sem Fronteiras e a construção de universidades federais. Mas, evidentemente, o golpe perpetrado pela direita - em conluio com a mídia e setores da Justiça - foi o grande tópico da noite. E, de modo mais direto, Lula atacou a seletividade da grande imprensa, especialmente ao comentar o vazamento da delação premiada de executivos da Andrade Gutierrez. "Sabidamente essa empresa é muito ligada aos tucanos. Eu fiquei pasmo porque, na hora que aparece na imprensa, não aparecerem os tucanos. Eu fico pensando: será que esse PT é tão besta assim? Será que a empresa tem dois cofres - um cofre de dinheiro benzido, bom e sadio, e um cofre de dinheiro podre? O PT só vai no podre", ironizou Lula, arrancando gargalhadas de Rui Falcão na sequência. "Pô, Rui, manda o nosso pessoal pegar um pouco de dinheiro onde os tucanos pegam. Pelo amor de Deus, manda seguir um tucano. Acho que ele pega na sacristia ou vai no dízimo. O PT não aprende. A gente precisa aprender a ir só no cofre bom, o cofre de dinheiro limpo, bem honesto, porque do jeito que está não aguento mais", alfinetou.

E, ao lembrar de coisas que gostaria de ter feito em seu governo, citou a regulamentação da mídia. É um avanço considerável em seu posicionamento. Houvesse uma Lei de Meios, certamente não teríamos de conviver com a interminável indução ao ódio, feita diariamente pelos principais veículos. Lula lembrou, com razão, que a mídia tenta atribuir aos militantes de esquerda - especialmente aos petistas - a marca do ódio; no entanto, o clima de ódio e divisão é fabricado pela própria imprensa, cada vez mais descarada em sua sanha persecutória contra o PT, como instituição, e contra as figuras de Lula e Dilma. Os vazamentos convenientemente seletivos, a ausência do contraditório, a tentativa de criminalização dos movimentos sociais e os olhos hipocritamente fechados para os escândalos envolvendo a oposição ao Governo Federal: eis algumas características do samba de uma única nota tocado noite e dia pelos grandes veículos.

Houve até espaço para uma crítica à política econômica do governo, especialmente devido aos ajustes do ano passado. "Nós queremos ajudar a Dilma a mudar, a fazer uma política que possa ter esperança para o nosso povo. Não queremos um ajuste que só faça corte, corte, corte. Não somos tesourinha. Nós queremos um ajuste que faça crescimento, crescimento, crescimento", disse Lula, arrancando aplausos. Ele também criticou com veemência o escárnio intitulado "Ponte para o futuro", fruto dos desejos golpistas. Aliás, por falar neles, coube mais um recado a Temer, vindo da boca do próprio Lula: se quiser chegar à presidência, vença as eleições. Simples assim.

O ato marcou, sem dúvida, um importante endurecimento no discurso de Lula. Talvez a presença de uma juventude disposta à luta pela democracia tenha animado o ex-presidente. Mas o Lula que esteve no Anhembi nesta sexta-feira mostrou que, ao contrário do que alguns apregoavam, está vivo. Mais vivo do que estava há alguns meses. Denunciou, até, o medo que a direita tem ao imaginar a possibilidade de uma candidatura dele em 2018. Com discursos inflamados, também, de lideranças estudantis e sindicais, o "Encontro de Lula com a Educação" deu um recado muito claro: a capital paulista pode até ser o antro dos reacionários, mas foi nela, também, que mais de 500 mil pessoas foram às ruas no dia 18 de março, e 60 mil duas semanas depois. Ou seja, há disposição para luta. E Lula entendeu isso perfeitamente.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

DEU NO "MIAMI HERALD" (EUA)



ão é que o Presidente Barbosa apareceu no Miami Herald porque fez uma pirueta para não pagar imposto?

Quem diria: o "former Brazilian top judge" nas páginas do Miami Herald numa operação de evasão fiscal.

(leia em: http://www.miamiherald.com/news/business/real-estate-news/article69248772.html )

DEU NO "LE MONDE" (França)


Em uma entrevista muita didática sobre a atual conjuntura política e econômica do Brasil, Sílvio Caccia Bava, diretor e editor-chefe do Le Monde Diplomatique Brasil, afirmou que o pedido de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff é, sim, uma “tentativa de golpe na democracia e pode ser uma pá de cal na avaliação da população do nosso sistema político”.

Sílvio Caccia Bava é diretor e editor-chefe do Le Monde Diplomatique Brasil Sílvio Caccia Bava é diretor e editor-chefe do Le Monde Diplomatique Brasil
Na entrevista concedida ao R7 News, apresentado pelo jornalista Heródoto Barbeiro, Sílvio Caccia Bava enfatiza que “não há um fato concreto” para fundamentar o pedido de impeachment. “Essas pedaladas foram feitas antes no governo Fernando Henrique, no governo Lula e, agora, estão incriminando a presidente Dilma”, destaca.

Ele também aponta a conduta golpista da oposição nesse processo, citando a declaração do “senador Aécio Neves, durante a reunião do DEM, de que eventualmente o PSDB estaria pronto para assumir agora o governo, fora do período de mandato”. Ele lembra que um eventual impeachment não há nenhuma previsão de que Aécio possa assumir o governo.

continuar lendo em: http://plantaobrasil.net/news.asp?nID=93606&p=2

sábado, 2 de abril de 2016

Em Fortaleza, Lula fala em assumir Casa Civil na próxima quinta; confira discurso na íntegra

 Em mais um importante ato contra o golpe, o ex-presidente Lula discursou na manhã deste sábado no centro histórico de Fortaleza. Segundo os organizadores, cerca de 50 mil pessoas estavam presentes no local. Entre os principais momentos de sua fala, está a confiança de que, na próxima quinta-feira, assumirá em definitivo a Casa Civil, com autorização do Supremo Tribunal Federal. Confira, abaixo, a íntegra do discurso de Lula, publicada no blog Tijolaço por Fernando Brito:


"Mesmo se não tivesse esse ato aqui, só a chuva que Deus mandou a partir de ontem já valeria a pena estar aqui no Ceará.  Não é todo dia que a gente vê o chão molhado, o agricultor dando risada.
Estou estranhando um pouco o que tá acontecendo no nosso País. Completei 70 anos de idade. Vivo nesse País fazendo política há 50 anos e nunca vi o clima de ódio estabelecido agora neste País. 

Parece que neste País tem duas coisas: aqueles que amam a democracia, aqueles que gostam de fazer política, que são do PT, do PCdoB, das centrais sindicais, e aqueles que são contra nós. Aqueles que têm as revistas, os jornais, a televisão, que são na verdade os responsáveis por esse clima de ódio que está estabelecido neste País.

Eu, querido Camilo, fui oposição a vida inteira. Perdi três eleições seguidas e vocês nunca viram eu chamar o PT pra ir pra rua, pra derrubar governo,  agente fazer manifestações pra que esse País não desse certo. Na verdade, essa gente que vinha pra rua, tentando usar verde e amarelo, pra dizer que são brasileiros, precisava ter trabalhado o tanto que nós trabalhamos. 
Esse povo que está aqui, que está na rua, é um povo trabalhador, ordeiro, que paga suas contas. E é um povo que quer apenas que eles respeitem a coisa mais elementar, que é universal, que é o direito 

 E eu às vezes fico vendo televisão, as revistas e os jornais e fico me perguntando por que tanto ódio? Será que é ódio porque a empregada doméstica passou a ter direito neste País? Porque filho de pobre negro da periferia passou a fazer universidade nesse País? Porque em apenas 12 anos geramos 22 milhões de empregos neste País? Será que é ódio porque durante 12 anos todos os trabalhadores organizados tiveram aumento de salário? Porque nós criamos o FIES e colocamos milhões de jovens na universidade? Por causa do Pronatec, das escolas técnicas, do programa de aquisição de alimentos, do Minha Casa Minha Vida, do Bolsa-família, do aumento do salário mínimo/ Eles precisam explicar por que tanto ódio da primeira mulher que governa este país.
E resolveram tentar encontrar uma via fácil pra derrubar a nossa presidenta.
Foi só a Dilma começar a andar de bicicleta, e eles inventaram de começar a tentar cassar ela por causa de uma pedalada. 

Ninguém aqui é Pra ter impeachment tem que ter base legal, tem que ter crime de responsabilidade. E a companheira Dilma e o seu governo não cometeram nenhum crime de responsabilidade. Por isso defender o impeachment é ser golpista, neste instante neste País.
Queria que todos prestassem atenção ao que está em jogo neste instante, que nós já vimos em 1964. Não é tentar derrubar a Dilma com um golpe pra colocar alguma coisa melhor. Olha quem tá pretendendo governar este País. Olha se eles têm alguma preocupação com o social deste País. Eles não querem governar este País pra aumentar salário mínimo, pra garantir piso dos professores, pra garantir o Bolsa-família e reajuste anual, pra garantir que as pessoas mais pobres tenham direito. Incomoda eles, sim, que o nosso povo frequente a mesma praça que eles, o mesmo restaurante, vá no mesmo cinema ou no mesmo teatro. E o que mais incomoda a eles é o pobre querer andar de avião agora. 

Na verdade, eles não aprenderam a dividir os espaços públicos com o povo brasileiro. E vou dizer uma coisa pra vocês, pelo carinho que eu tenho pelo povo do Ceará, porque venho aqui há muito tempo fazer campanha. Eu passei minha vida inteira acreditando que era possível mudar este País.  Às vezes eu deitava na cama e perguntava pra Marisa: será que vamos conseguir mudar este País? E eu tinha na minha cabeça uma coisa: eu não posso trair o meu povo.
A solução do nosso País foi encontrada quando nós vimos que o povo não era problema; era a solução desse País. Uma mulher pobre com cem reais faz muito mais por esse povo do que um rico com um bilhão, que pega lá no BNDES. Eles não sabem o benefício que a gente faz quando a gente resolve fazer com que todas as pessoas possam subir um degrau na escala social. Eles pensavam que pobre não gostava de coisa boa. O que incomoda a eles é um presidente nordestino, que não tem diploma superior, ter sido o presidente que mais fez universidade neste País.

A coisa mais sagrada da minha vida foi carregar o orgulho e dizer no mundo inteiro o que a gente fez neste País. 
Quando a gente fez o Bolsa-família, eles diziam que era esmola. Eles perceberam que a gente tava trazendo doutor pro Nordeste, fazendo pesquisa pro Nordeste.
Eles não admitem que a gente tenha feito em 12 anos mais escola técnica do que eles fizeram em 100 anos. Colocado mais jovens na universidade que eles colocaram num século.
Eu soube que ontem nessa cidade encheram de outdoor contra o Lula. Eu não fico com ódio não. Aos 70 anos eu já tô pensando que o homem tá me chamando. O dinheiro que essas pessoas gastaram com outdoor pra falar mal de mim, deveriam ter vergonha na cara e fazer outdoor dizendo o que eu fiz pelo Nordeste brasileiro e o que eu fiz pelo Ceará. 
Pode pegar a história pra saber se um presidente da República em qualquer momento colocou no Ceará 30% do que eu coloquei em oito anos de mandato.
Se tudo der certo, e a Suprema Corte aprovar, quinta-feira eu estarei assumindo a Casa Civil do governo. E vou dizer por que que eu aceitei, depois de muito tempo. É porque eu tô convencido, acredito nisso como acredito em Deus, que este País tem que mudar, tem que dar a volta por cima, mudar a economia, gerar emprego e renda pra essas pessoas. 
É todo dia se falando em corte neste País. Em crise. Precisamos falar em crescimento, desenvolvimento e investimento neste País.
Volto pra ajudar a companheira Dilma, andar de mãos dadas com ela e com vocês, pra vir aqui inaugurar a Transposição das Águas do Rio São Francisco. 

O nordestino é bom por isso. a gente nasce e se não morre até cinco anos de idade cria um couro tão duro que não tem nada que a gente não possa fazer.
Eu tava pensando que eu ia descansar na minha vida, mas eu não vou deixar, junto com vocês, não vou permitir que haja golpe. E queria fazer aqui nesta praça um apelo aos deputados federais. A melhor maneira de chegar ao poder é disputar eleições, ganhar eleições. Eu sou a experiência disso. Perdi muitas eleições, e quero que eles aprendam isso.
Temer é um constitucionalista, um professor de Direito. Ele sabe que o que estão fazendo é golpe. e sabe que isso vão cobrar é do filho dele, do neto dele amanhã, porque a coisa mais vergonhosa de chegar ao poder é tentar encurtar o mandato de uma mulher com a seriedade e a qualidade da presidente Dilma Rousseff. 


Quero agradecer a vocês. Vim aqui e volto pra São Paulo hoje mesmo, mas se for necessário volto pra cá.

Eu queria que vocês lessem a ideia deles sobre economia. E que os deputados que defendem eles lessem também. Não vai ter mais garantia de dinheiro pra educação e pra saúde e pra políticas sociais, como é hoje, que está garantida na Constituição. A gente não pode diminuir dinheiro pra educação, pra saúde. Eles agora querem que a cada ano o Congresso discuta o que vai pra educação, pra saúde, pra política social. Não querem mais o reajuste anual do salário mínimo. E nós já vivemos isso, gente. Momentos em que o governo não reajustava nem a inflação do salário mínimo. Já vivemos a briga que nós vivemos pra aprovar o salário do professor, que é uma vergonha. Todo mundo fala bem do professor, minha professorinha, mas na hora do salário não querem. Querem que o professor receba um salário que não dá pra dar comida à família.
Querem que este País tenha um retrocesso.

Pelo que eu estou vendo, se depender de vocês eles vão ter que esperar as eleições de 2018 pra disputar o governo deste País. 
Eu só tenho uma coisa nesta vida de compromisso: é com o povo deste País. Eu faz dois anos que tô sendo vítima dos maiores ataques que um ser humano foi vítima. Todo santo dia. Eles já criaram um apartamento pra mim que não é meu, e eu quero convidar todos vocês, no dia que for meu. Eles já inventaram uma chácara que não é minha, e quando ela for minha vocês vão visitar minha chácara. Inventaram até um barco de quatro mil dólares. Parece o Lady Laura. É um verdadeiro iate Eu nem vou em Angra com meu iate, pra não competir com Roberto Carlos. Ou seja, já inventaram de tudo.

Nós vamos garantir a governabilidade da Dilma, porque este País não pode voltar atrás.

Nós sabemos como era o Ceará, como era Pernambuco, a Paraíba e o Rio Grande do Norte quando eles estavam no governo."

Um golpe consciente


Por Ricardo Vagnotti Neto, tradutor, dramaturgo e educador

O movimento pró-impeachment não é manipulado. Ele é consciente. É consciente porque não é possível que um indivíduo em suas plenas capacidades cognitivas não consiga enxergar que a questão da corrupção não esteja relacionada apenas a um partido ou figura política. É impossível que um indivíduo em suas plenas capacidades intelectuais não consiga perceber que a corrupção acontece em conluio absoluto e irrestrito com a iniciativa privada. É questão de matemática: o dinheiro desviado vem de algum lugar.

Se a luta é contra a corrupção, o que as "pessoas de bem" estão fazendo nas ruas? Marcham em nome de um movimento descaradamente patrocinado pelos donos dos meios de produção (FIESP, GLOBO, etc.) que pagam impostos de valores relativos ínfimos, estão envolvidos até o pescoço em esquemas de corrupção e não dão retorno algum à sociedade? Se a questão é a corrupção, as pessoas deveriam ter vergonha de sair com a camiseta da instituição mais corrupta de todas, a tal da CBF. Se o movimento é contra a corrupção, qual a lógica de se apoiar a destituição de uma presidenta eleita legitimamente para a subida de canalhas ao poder, corruptos até o osso? Se o impeachment é por um Brasil melhor, temos que estar atentos (e fortes), como diria Caetano Veloso. Atentos ao nosso redor. Atentos ao neo-nazismo descarado de Bolsonaro, à desfaçatez de Aécio, de FHC-sociólogo de araque, à mediocridade imbecilizante de um Kim Kataguiri, ao golpismo barato e canalha de Temer e Cunha.

Mas o movimento pró-impeachment não se atenta a nenhuma dessas questões porque não lhe interessa, pois o que importa aos "manifestantes" é a relação maso-fetichista com os donos dos meios de produção, que desde sempre os exploram, mas são, na essência, tudo aquilo que eles gostariam de ser. Sim, os "manifestantes" são também oprimidos. Mas eles precisam marchar a favor dos opressores para se manter como oprimidos porque esse esquema permite-lhes ter, abaixo deles, uma maioria de outros oprimidos (de cor de pele evidentemente mais escura), de forma que se afirmam também como opressores. O pato, servido nos jantares dos detentores dos meios de produção, é pago por todos. E eles querem comer a cabeça de cada patinho que nada de verde-amarelo no asfalto da avenida Paulista.

Não há manipulação.

O que há é a ode irrestrita e incondicional ao capital e à violência, a qual sempre permeou a sociedade brasileira. O que há é o medo de que o feminino tome conta do país. Não falo de gênero. Falo do frágil. Com perdão do trocadilho, falo do feminino em oposição e em submissão ao falo opressor. Falo do feminino que é, simbolicamente, os habitantes das favelas e das periferias, os negros, os travestis, os pobres, os gays, as mulheres. Os que são diariamente massacrados.

Não é por acaso que a tentativa de impedimento é de uma presidenta. Não é por acaso que o partido demonizado é o que, querendo ou não, criou condições para que negros e pobres consumissem as mesmas coisas que a elite consome. A elite passou também a fazer parte de uma grande massa de consumidores e, de repente, todos - dos mais pobres aos mais ricos, dos mais negros aos mais brancos - submissos ao capital.

Bem ou mal, em prestações ou não, o mercado é de todos.
A elite está apavorada.
A elite está em pânico.
A elite vai para Paris e corre o risco de passar 11 horas de viagem ao lado de um negro (brasileiro, é importante ressaltar, pois, se for de outro país, há acordo).
Não é questão de manipulação ou inocência.
Trata-se da necessidade da elite de manter uma massa de miseráveis de pé (com o mínimo de comida e condições humanas) para se sentir exclusiva e a única merecedora dos benefícios do capital.
Não é questão de manipulação.
É questão de manutenção do poder simbólico, mas sem respaldo legal.
É consciente.
É GOLPE.



sexta-feira, 1 de abril de 2016

"Não vai ter golpe" ultrapassa fronteiras e une países em defesa da democracia no Brasil

O dia 31 de março de 2016, que lembrava os 52 anos do início de uma violenta ditadura militar, foi, também, um dia de luta. No Brasil, mais de 800 mil pessoas saíram às ruas contra o golpe que tenta derrubar a presidenta Dilma Rousseff. No entanto, a união pela democracia no País tem se fortalecido a tal ponto que ultrapassa as nossas fronteiras - já que, na quinta-feira, foram registradas manifestações em 16 países. Estados Unidos, Argentina, Chile, Alemanha, França e muitos outros... Em todos eles, pessoas em defesa dos direitos democráticos do povo brasileiro gritaram a plenos pulmões: "Não vai ter golpe!".

Em Portugal, também teve luta. Em frente à Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde o senador tucano José Serra havia sido recebido aos gritos de "golpista", mais de 50 manifestantes levantavam faixas com palavras de ordem como "Golpe nunca mais" e "Golpistas não passarão". Já em Paris, capital da França, a quinta-feira reservava protestos dos próprios trabalhadores franceses, contra medidas antipopulares do governo. Houve, porém, espaço para que brasileiros exibissem cartazes que diziam: "Um congresso corrupto quer destituir uma presidenta honesta".

Nos Estados Unidos, também houve apoio à luta pela democracia no Brasil. O consagrado ator Danny Glover enviou uma mensagem em vídeo a Dilma Rousseff, na qual dizia que “o seu esforço é o esforço de todas as pessoas por todo o planeta que lutam por democracia, por liberdade e justiça. Nós estamos com você e declaramos que não vai ter golpe!”. A onda de apoio chegou, também, à capital da Inglaterra. Em Londres, cerca de 60 brasileiros se reuniram em frente à embaixada do Brasil. Durante o ato, apareceram faixas que diziam "Impeachment sem base legal é golpe" e "Vem pra democracia". Em Berlim, na Alemanha, brasileiros se encontraram no Portão de Brandemburgo e rejeitaram o golpe em nosso país.

Foram registrados, ainda, atos contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff em países como Espanha, Holanda, Canadá, México e Uruguai. Acima de tudo, esse apoio mostra que a mobilização em torno da defesa da democracia brasileira tem adquirido envergadura cada vez maior. No País, houve manifestações contra o golpe em todos os estados, com ampla participação de trabalhadores (de todas as classes sociais), estudantes, artistas e intelectuais. Enquanto a direita golpista mantém sua aliança com a imprensa monopolista e uma justiça criminosamente seletiva, a resposta da classe trabalhadora vem nas ruas. Com uma emocionante disposição para a luta, o que se ouve por todos os cantos, cada vez mais, é: "Não vai ter golpe!".

Confira, abaixo, imagens das manifestações internacionais em defesa da democracia no Brasil:

Lisboa:



Londres



Paris:






Berlim:

"Somos todos Dilma", diz cartaz


Buenos Aires:






Amsterdã:



Montreal:



P.S.: Que tal relembrar José Serra sendo recebido em Lisboa aos gritos de "Não vai ter golpe!"?



O dia da democracia: um mapa das manifestações contra o golpe em todo o Brasil

"Gente que votou no PT, gente que não gosta do PT, mas sobretudo, gente que não pode por em dúvida a integridade da presidente Dilma e está aqui pela democracia. Gente que viveu o 31 de março de 1964. Estou aqui para agradecer a vocês que me animam a dizer que não, de novo não. Não vai ter golpe" - Chico Buarque


Em um dia marcante na luta contra o golpe, mais de 800 mil pessoas saíram às ruas em todo o Brasil nesta quinta-feira, pedindo respeito à democracia e rejeitando o processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. Em todos os estados e no Distrito Federal, uma multidão de trabalhadores, artistas e estudantes ocupou 75 cidades e deu uma resposta à ofensiva golpista. O grito de "Não vai ter golpe" entra, cada vez mais, para a história.

Em Brasília, mais de 200 mil pessoas se mobilizaram pela democracia, caminhando até o Congresso Nacional. Grandes manifestações foram registradas, também, em Porto Alegre - que viu mais de 80 mil pessoas tomarem a Esquina Democrática -, São Paulo - cuja região central recebeu mais de 60 mil -, Rio de Janeiro - com 50 mil pessoas no Largo da Carioca - e Belo Horizonte - que contou com 40 mil manifestantes na Praça da Estação.

Em uma semana que poderia ter sido amplamente negativa para Dilma, ventos alvissareiros começaram a soprar. A saída do PMDB do governo, em cerimônia quase circense, retirou um grande peso das costas do Governo; além disso, a decisão do Supremo Tribunal Federal de manter longe de Sérgio Moro as investigações sobre o ex-presidente Lula representa, sem dúvida, um balde de água gelada nos golpistas. A esses fatos se soma a grande mobilização de brasileiros nesse simbólico 31 de março, que lembrava os 52 anos do golpe que mergulhou o Brasil numa violenta ditadura militar.

A mídia monopolista, a oposição de direita e uma justiça absolutamente seletiva não contavam, certamente, com a resistência das ruas. O que se viu nesta quinta-feira foi uma emocionante unidade popular, com a presença em massa de representantes de todas as classes sociais, organizações estudantis, movimentos de luta por moradia e muito mais. Era, ao contrário do que tenta nos fazer crer a grande imprensa, um movimento do povo - em São Paulo, por exemplo, a Federação das Indústrias do Estado não distribuiu champanhe para os manifestantes, ao contrário do que praticou em recentes atos dos golpistas. O único líquido recebido pela massa que ocupou o centro da capital paulista foi a chuva que, ao atingir a multidão, lavou a alma dos presentes e completou o cenário de resistência.

O mais significativo é que, em cada parte do Brasil, as ruas se levantaram. Os golpistas certamente tentarão levar adiante o processo de impeachment. Não há dúvida de que a imprensa, a justiça e vários partidos de oposição seguirão mancomunados para derrubar o governo. No entanto, cada vez mais, os trabalhadores demonstram sua disposição para lutar contra um sistema que parece poderoso, mas que treme de medo das grandes mobilizações populares e das ruas tomadas. O caminho da nossa vitória já foi mostrado.

Confira, abaixo, imagens e vídeos das principais manifestações realizadas no País nesta quinta-feira:

Brasília: 200 mil pessoas



 Porto Alegre: 80 mil



São Paulo: 60 mil



Rio de Janeiro: 50 mil



Belo Horizonte: 40 mil



Abaixo, mais imagens das manifestações por estado:

Amapá:

Macapá: 300 pessoas



Alagoas:

Maceió - 4 mil pessoas



Bahia:

Salvador - 30 mil pessoas



Araci - 500 pessoas






Feira de Santana - 3 mil pessoas





Ceará:

Fortaleza - 50 mil pessoas





Sobral - 500 pessoas





Goiás:

Goiânia - 2 mil pessoas





Maranhão:

São Luís - 1000 pessoas



Imperatriz - 500 pessoas





Mato Grosso:

Cuiabá - 400 pessoas







Pará:

Belém - 30 mil pessoas






Paraíba:

Campina Grande - 12 mil pessoas



Cajazeiras - 1200 pessoas





Paraná:

Curitiba - 5 mil pessoas



Londrina - 1000 pessoas






Cascavel - 5 mil pessoas





Pernambuco:

Recife - 40 mil pessoas




Piauí:

Teresina - 1000 pessoas





Rio Grande do Norte:

Natal - 20 mil pessoas



Mossoró - 3500 pessoas






Rondônia:

Ji-Paraná - 1000 pessoas





Roraima:

Boa Vista - 700 pessoas






Santa Catarina:

Florianópolis - 3 mil pessoas





Joinville - 60 pessoas





Chapecó - 550 pessoas





São Paulo:

Sertãozinho - 300 pessoas





São José do Rio Preto - 150 pessoas





Sergipe:

Aracajú - 30 mil pessoas